ELES SÓ QUEREM É SER FELIZ!

Passo o dia ouvindo jazz, sintonizado numa rádio americana, "Jazz24". Lá não toca Anitta, Jojo Toddynho, Pablo Vittar, e toda essa sequência de cantores que as pessoas amam odiar.
Mas como as ouvi?
Evidentemente que quando uma pessoa faz sucesso ela vira notícia, e notícia é tudo aquilo que irá virar comentário, assunto do cotidiano das redes sociais.
E é daí que começa o besteirol da inveja e da inconsequência, de todo aquele que não gosta de tudo, como se estivessem sintonizados ouvindo esses cantores o dia inteiro.
Sei que gosto não se discute, mas então porque perdem tanto tempo com estes "artistas"?
Todo meu interesse nessa gente vem a partir de um dado que muitos insistem em não querer ver, o preconceito.
Na música brasileira a classe média já torceu tanto o nariz que dá até vergonha de ver tantos "flavios cavalcante", "misters eco", posarem como jurados do bom gosto musical.
Já assisti preconceito com a Bossa Nova, com a beatlemania da Jovem Guarda, com a Tropicália, com a chamada "música de zona", tanto a brega quanto a sertaneja, com o funk, e agora com essa turma dos hits das baladas.
E o preconceito musical vem sempre acompanhado da crítica ao cabelo, a roupa, ao corpo, a vida privada, etc, etc.
Hoje o preconceito associa música a bunda da moça, ao excesso de peso da ex camelô, ao gênero da transexual.
Ao meu ouvido nenhum deles incomoda, pois não compro seus discos nem ligo o rádio para ouvir, e os seus comportamentos e modos de ser até que me divertem.
Curto suas histórias de conquista social, já que o Estado não lhes deu outra opção, assim como curto quando a sociedade os abraça e brinca com seus "eventos musicais", como agora nessa história do tiro da 'melô'.
Sinto que a chamada 'inteligência' não consegue entender que música também é costume, desprendimento, relax de um cotidiano muitas vezes duro e formal, e que brincar e deixar o ouvido ir, independente da razão, do gosto, faz bem.
A mediocridade pode ser um estado de espírito que muitos têm por escolha, desejo, vontade de não querer seguir conforme o grupo social em que vive, e ser medíocre nada a tem a ver com cultura, inteligência. É apenas uma maneira de resguardar seu jeito curtindo o aqui e agora da maneira que a vida se apresenta.
Rezo para que toda essa turma, tão criticada, passe ao largo da hipocrisia desse cínico ideal pequeno burguês, chato e sem graça, de querer ditar hábitos a todos, colocando rótulo em tudo.
Que essa turma de jovens artistas, carregada da naturalidade que demonstra ter, impregnada que está da felicidade de chegar ao topo sem cultura e instrução, coisa que essa gente que os critica tem, continue a viver sua mediocridade, pois o que querem é ser feliz e se divertir.
BIRA DE OLIVEIRA